domingo, 30 de outubro de 2011

Piaçava é uma fibra têxtil brasileira

Colheita da Piaçava

Piaçava é uma espécie da família das nymeleaceas. É uma espécie de casca grossa como cabelo que se enrola no tronco de duas espécies de palmas, a Atinica funifera, Mart. E Leopoldina píassava, Will. A espécie Leopoldina só se encontra no Vale do Rio Negro, um tributário do Amazonas e não obstante ser superior a píaçava da Bahia (Attalea funifera) a sua exploração é muito mais limitada pela razão da comparativa inacessibilidade da região onde cresce e até que a energia do Vale do Amazonas  se acham completamente absorvidas pela indústria de borracha. Todos os anos encontra-se em Manaus no mercado pequena quantidade deste produto sob a forma de escovas, cordas e cabos. Nem a matéria prima nem os produtos fabricados são exportados desta região não chegando para as necessidades de Manaus.
A Attalea funifera, geralmente conhecida como piassaba da Bahia cresce em grande abundância na restinga do sul da Bahia e norte do Espirito santo, mas principalmente nos distritos de Santa Cruz, Belmonte e Porto Seguro, na Bahia, onde as palmeiras formam verdadeiras florestas.
No século passado as “restingas” formavam parte do fundo do mar, e essa fibra parece ter eu solo é extremamente pobre e arenoso. Apesar disso há piaçava por toda essa região e uma das empresas que explora essa fibra parece ter seis milhões de árvores nas suas propriedades ao norte da cidade da Bahia. Uma outra importante fonte de abastecimento é o Vale do Rio São Francisco no norte da Bahia.
A piaçava é uma riqueza puramente natural  não necessitando nehuma espécie de cultura ou tartamento. Duas vezes por ano a casca, que é uma espécie de cabelo enrolado em espiral em volta do tronco da palmeira é tirado por meio de pentes de mais primitiva forma feito de peças de pau tendo pregos por dentes. Cada árvore produz de cinco a dez libras de fibras por colheita e pode ser aumentada em 50% se a árvore for derrubada.
Depois de apanhada as fibras são metidas em água para destruir a polpa e os tecidos inúteis. Depois são secas por algum tempo debaixo de cobertura, são limpas, penteadas e separadas segundo os tamanhos. As fibras assim obtidas medem de 8 a 15 pés de comprimento as mais compridas são usadas para fazer cordas e as espécies mais pesadas cortadas em pequenos bucados para um grande número de usos, principalmente para o fabrico de escovas, chapéus e sandálias. Não é raro verem-se homens curvados com cargas de piaçava pelas ruas da antiga capital colonial da Bahia e todos os domingos pela manhã os “praeiros” das ilhas vizinhas e lagoas dirigem-se ao Porto da Barra com seus barcos carregados  de artigos de piassava para serem vendidos na praia sob o alcance dos canhões de Santa Thereza
Bibliografia:
Alamanaque Agrícola Brasileiro, 1922 pág 281, 282

domingo, 23 de outubro de 2011

Umbuzeiro "Árvore do Viajante"

Um dos produtos mais admiráveis da flora brasileira é o Umbuzeiro, Spodias tuberosa.
Esta árvore pode ser cultivada no litoral, mas seu habitat é o campo árido do sertão, onde escasseia freqüentemente a água, quando de todo não falta.
Umbuziero na colheita
A conformação do Umbuzeiro e a sua origem nas localidades secas, indicam o seu destino, podendo-se denominar  Árvore do Viajante.
Não se eleva muito, mas o que perde em altura recupera na largura.
Compõem-se, com efeito, de ramos longos, horizontais, formando grandes palmas, bastas, de uma folhagem miúda e cerrada.
Enormissíssimo chapéu de sol vegetal, em campos abrasados.
Há do umbuzeiro varias espécies: a do umbu miúdo, do graúdo e uma terceira, a cajarana, cujo fruto é de todo o maior.
Este é o mais acido e menos agradável; o miúdo passa por ser o melhor, o mais doce e apreciado.
O umbu, de uma cor amarela avermelhada ou recheada é alongado, regulando o tamanho da jabuticaba grande, muito apreciado com a ameixa fresca.
No fim de maio, finda a frutificação do umbuzeiro amarelecem e principiam a cair, de modo que, em junho e julho , está completamente despido.
Em agosto começa a revestir-se a preparar-se para oferecer ao homem ou aos animais, sob a copa larga, espessa  e sombria, protetor abrigo contra a sol inclemente.
Consideram o Umbu a melhor fruta do sertanejo, que seja dito sabe dar-lhe o devido apreço ao ponto de não se contentar com o prazer de degustá-la no PE. Aproveitam a polpa da fruta por três meses para o preparo da umbuzada, a sua iguaria predileta, saudável e nutriente em que o leite entra nas mais favoráveis condições de digestibilidade.
Fruto de Umbu
Para obter acidez não se escolhe o umbu maduro, em que o princípio ácido se acha, em parte, transformado em glicose; nem tampouco o fruto verde, quando é ainda incompleta a formação do ácido; colhe-o bem desenvolvido, ao entrar de vez ou ficar inchado.
Apanhados nesse estado, são os frutos cozidos e machucados com a mão, peneirados; separada a massa, é esta conservada em vasilhas apropriadas.
O Umbú é refrigerante e por isso muito apreciado e útil durante o verão.
O umbu serve também pra acidular o leite e torná-lo assim mais digerível.
Bibliografia:
Alamnaque Agrícola Brasileiro para 1923,Dr. Eduardo de Magalhães

terça-feira, 18 de outubro de 2011

O Botânico Alberto Löfgren


No dia 30 de agosto de 1918 os centro científicos brasileiros cobriram-se luto pela morte de Alberto Löfgren. Ele era chefe da seção de botânica e fisiologia vegetal do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
Parque Estadual Alberto Löfgren 
Löfgren era um dos mais profundos conhecedores desse ramo da ciência natural na América do Sul, tendo-se especializado no estudo da flora brasileira, ao qual se dedi  cou com grande afinco e assiduidade durante mais de 40 anos de sua vida.
Nascido, em Estocolmo, em 11 de setembro de 1854, veiu para o Brasil logo depois de ter completado o curso de fisiologia e ciência s naturais na Universidade de Upsala.
Veio para o Brasil com o missão científica de André Regnell, o grande naturalista sueco-brasileiro, que ,te ndo organizado, em 1874, por conta da Academia das Ciências de Stocolmo, uma expedição científica para o Brasil, convidara Löfgren, como premio a sua dedicação, inteligência e competência, a tomar parte na mesma.
Terminados os trabalhos a que ser propunha na expedição, Löfgren não mais quis abandonar o nosso paiz, tal foi a atração nele exercida pela exuberância da flora brasiliera, na qual se embevecia, pois nela via vastíssimo campo para dedicar-se aos estudos de sua predileção.
Tais estudos, porém, numa época em que o interesse pelas ciências, entre nós, não estava nem mesmo em embrião, não lhe podiam proporcionar os meios de que necessitava para viver, por isso que foi obrigado a desviar a sua atividade para outra profissões que lhe garantissem a subsistência.
Entrou então para trabalhar como engenheiro da C. Paulista de Vias Férreas, ao lado de Rebouças de Francisco Lobo Leite Pereira, tendo residido por alguns meses na cidade de Pirassununga. Passando depois a morar em Campinas, ali dedicou-se ao ensino das ciências naturais. A esse tempo, como professor, lecionou particularmente e também no Clégio Morton.
Muitos, que fizeram depois brilhantes carreira e vieram a notabilizar-se no mesmo ramo de conhecimentos, devem as suas primeiras luzes ao professor.
Em 1878, casou-se com D. Emma Bremer, na cidade de Campinas.
Em 1886, tendo sido o eminente geólogo Orville A. Derby encarregado , pelo Governo de São Paulo, de organizar a Comissão Geográfica e Geológica do estado, foi Löfgren chamado para seu auxiliar, e ai encontrou campo para a sua rara e bem orientada atividade, trabalhando ao lado de Gonzaga campos, hoje chefe do Serviço Minerológico do Brasil, Paulo Oliveira, do Museu Nacional, Theodoro Sampáio, Hussack. Começou por organizar o serviço de Meteorologia no estado, praticando por si próprio e ensinando pessoalmente o seu corpo de observadores. Com a distribuição de instruções e com uma dedicação sem limites, conseguiu estabelecer esse serviço e publicar com assiduidade os boletins onde controlava e deduzia os resultados.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Entre a Seiva e o Sangue

Revista Chácaras e Quintais - Fev-1922  Gustavo Peckolt


A fisiologia vegetal, nos ensina que a seiva vegetal, representa o mesmo papel que o sangue no corpo animal no seu movimento contínuo através do coração, artérias e veias, constituindo assim a circulação e pois aquela seiva também, passando através dos tecidos da planta, constitue a sua circulação.
Extração da seiva de Jatobá.
Essa seiva vegetal, possuindo a mesma propriedade que o sangue animal, a de nutrir o organismo, acarretando aos tecidos os elementos indispesáveis a sua vitalidade, e outro tanto, a de separar, e preparar a eliminação das substâncias impróprias a sua nutrição, acumuladas ou prejudiciais ao organismo, do mesmo modo, essa seiva, por um ato fisiológico denominado secreção, goza a propriedade de selecionar as substâncias que pretam-se para a nutrição da planta, transportando a certas partes do vegetal, aquelas imprestáveis ou excedentes a sua nutrição, as quais são então, acumuladas, ou eliminadas, de seu organismo.
Estes princípios secretados variam bastante, quanto a sua natureza e propriedades, de acordo sempre, com a natureza do vegetal, dentre eles destacam-se: o suco leitoso ou látex; os óleos, óleos resina, óleos essenciais, ou sucos gomosos ou gomas, os sucos resinosos ou resinas , todos eles próprios ao vegetal, que, muitas vezes não podendo eliminá-los em tecidos apropriados que se encontram tanto na raiz, como no caule, nas folhas, etc, onde vamos encontrá-los armazenados sem vias de eliminação, ou simplesmente acumulados. Como exemplo, temos: o suco óleo-resinoso das Capaibeiras, impropriamente chamado de óleo de Copaíba; o suco vermelho tanifero das Bicuibeiras, denominado sangue de Bicuiba, fortemente adstringente, podendo substituir o kino da Índia, (Pterocarpus marsupium); o suco aquoso tânico das bananeiras, chamado de seiva da bananeira; o suco leitoso ou látex, sucos gomo-resinosos, de um grande numero de vegetais, fornecedores de cautchoue ou borrachas, produto de grande valor industrial com especialidade os dos vegetais do gênero Hevea, apelidados Seringueiras, o suco leitoso do mamoeiro, do Jaracatiá, etc. os quais possuem a propriedade digestiva, devido ao seu fermento digestivo Papayotina ou Pepsina vegetal; bem assim a seiva de muitos vegetais que contem princípios tóxicos, tais, o latez da papoula, etc.
Quando a seiva resinosa, suco, ou resina de Jatobá, quando solidificada, tgem o nome de resina de Jatahy, ou Copal brasileriro a qual, emana do tronco ou das raízes dessa gigantesca árvore, principalmente, sob a ação direta do calor do fogo, o qual provoca um aumento dessa seiva resinosa, que destila do vegetal, condensa-se no solo, ou emana de suas grossas raízes, numa profundidade, muitas vezes, de dois metros, como é comu encontrar-se em grande quantidade, nas escavações feitas em terrenos onde outrora se encontrava florestas desse precioso vegetal. Dahi concluir-se que a legitima seiva de Jatobá ou Jatahy é um suco resinoso ou resina, e nunca, um suco aquioso, amargo, mais ou menos fermetado, como é impropriamente chamado seiva de Jatobá. 

sábado, 1 de outubro de 2011

O Urucum


Almanaque Agrícola Brasileiro- 1920

O Urucum é uma substância tintorial obtida da semente de um arbusto oriundo do Brasil e Guyanas na América tropical e denominada botanicamente de Bixa Orellana, L.
Sinomia: Urukú, Açafroa na Bahia, Família das Bixaceas.
Variedades: No Amazonas existem duas variedades numa a semente tem a polpa roxa e noutra amarelada.
Floresce de Maio a Junho.
Sementes de urucum
O Urucuseiro é planta originária do Brasil e cultivada na África e Índias Orientais e no México.
Reprodução: A Bixa propaga-se por meio de estacas primeiramente retiradas das plantas em florescência.
As plantas produzidas por meio de sementes, geralmente florescem menos e não frutificam tão cedo como aquelas produzidas por estaca. A propagação por meio de estaca é recomendável se deseja-se cultivar e manter uma variedade especial da qual há  um grande número em cultivo.
A melhor terra apropriada ao urucuseiro é um solo rico de marga com muita humidade e em terrenos esgotados pelos cafeeiros.
As capsulas e sementes levam oito meses para chegarem a maturidade em cuja ocasião os frutos são colhidos, espalhados e exposots ao sol por vários dias até ficarem bem secos e abrirem-se.
São então batidos e debulhados, esmagando-se com varas para separar as sementes da placenta central do ouriço.
As capsulas e sementes são então separadas por meio de peneiras e ventoinhas.
Algumas vezes a matéria polposa é separada das sementes por maceração e lavada deixando-se frutificar depois.
Esta água é então despejada e a substância que fica tendo uma cor avermelhada é dessecada e comprimida em pães em cuja forma é exposta no comércio.
No começo o urucu foi usado para tingir a seda, mas é atualmente usado como corante para queijos, manteigas, leite, doces, sabões e vernises.Medicinalmente é empregado como laxativo, a massa do urucu é antifebril e refrigerante e as sementes são estomáquicas; a raiz é digestiva.