domingo, 30 de setembro de 2012

Extrato Fluído no Brasil do sec. XIX


A primeira edição do Codex farmacêutico apareceu em Paris em 1811. Neste livro as regras para se fabrica extrato fluido eram 16.
Em 1815 Teodoro de Saussure, prova que os extratos não assimilavam o oxigênio, sendo assim contradizia as afirmativas de Fourcroy e Vauquelin.
Extrato Fluído
Em vista desta afirmativa, Berzelius propõe mudar o nome de Extrato ou Extrativo Oxidado para Apotema (depósito).
ASociedade de Farmácia, de Paris em 1814, instituiu o prêmio Parmentier para a solução do debatido problema do “extrativo”, e assim disse: “A comissão chama a atenção dos químicos para que façam pesquisas sobre as preparações denominadas Extratos Farmacêuticos e principalmente sobre o princípio imediato dos vegetais denominado “Extrativo”, princípio cuja existência é ainda problemática”.
As questões propostas foram em número de cinco e o concurso ficou sem solução, porque as opiniões de momento eram exatamente partidárias de Fourcoy, Deyeux, Vauquelin, Parmentier, etc.
Em 1818, fez-se a primeira experiência de evaporação por meio do vácuo, com o fito de suprimir a ação do calor no preparo dos extratos.
Isto aconteceu na Alemanha, e quem realizou as experiências foi o professor Janisch, porém o processo foi abandonado em vista de ter chegado a conclusão que este meio era útil para dessecar algumas gramas de extrato e não servia para grandes quantidades.
Em 1819 apareceu na Inglaterra um autor chamado Henry que escreveu uma memória sobre o novo aparelho para evaporar os sucos e outros líquidos por meio de vapor d’água.
Depois veio o aparelho de Peletier, para evaporação por meio do vapor d’ água sobre compressão, e outros vieram depois.
O Brasil desde o período colonial adotava as farmacopeias Lusitanas, e o Codex foi admitido oficialmente em 1822 pelo decreto nº 8387 de 19 de janeiro
Deste mesmo ano. Assim os brasileiros não podiam usar os extratos fluídos Norte Americanos. Só no período republicano foi que se começou a fabrica no Brasil a fórmula americana. O “Chernoviz” o centenário formulário, bastante usado, só trazia uma fórmula do Extrato Fluído de noz de Kola.
Quem primeiro fabricou no Brasil o Extrato Fluído foi o farmacêutico João Luiz Alves, estabelecido no Rio de Janeiro a Rua da Quitanda. Entretanto quem primeiro escreveu uma monografia sobre o assunto foi o farmacêutico Francisco Giffoni com o qual se candidatou a membro titular da Academia Nacional de Medicina, em 25 de maio de 1889. As casas Gifoni, Silva Araújo e Granado tornaram-se depois as grandes indústrias desta fórmula americana.

Bibliografia: Revista Brasileira de Farmácia- Setembro de 1941 –Profº Heitor Luz

domingo, 23 de setembro de 2012

Os extratos Fluidos nos século XVIII


Em 1745 -1749, Quinacy (Pharmacopeia Oficinalis e extemporânea e o Conde de La Gaye ocuparam-se em seus trabalhos dos extratos.
A 1º edição do Codex, não inseria fórmula alguma de extrato, só aparecendo na edição de 1732; também as tinturas não constavam do Codex.
Somente depois de um século foi que o Codex, colocou no seu texto os extratos vinhosos; e um extrato composto denominado extrato panquimagogo.
A edição de 1748 suprimiu o extrato vinhoso, e a de 1758, suprimiu alguns extratos simples; admitindo somente uns 23 e mantendo o extrato panquimagogo, assim denominado porque tinha a virtude de pergar geralmente todos os humores do corpo.
As farmacopeias publicadas pelas diversas faculdades da França como a de Lion (1627), estavam mais adiantadas do que o Codex davam sob o título de “Tintcturis” e “Extractos”, o modo de preparação de diversos extratos.
Baumé, em 1762, cujas obras fizeram época, tratou dos extratos , dividiu os mesmos em : _ Extratos gomosos ou mucilaginosos; extratos gomosos ou resinosos; extratos sabonosos, etc...
Em 1790, Faurcroy definiu os extratos assim: “O extrato dos vegetais, não é como se crê um sabão, um composto de óleo e de potassa, eu descobri propriedades novas. Esta matéria, que se dissolve na água , separa-se pro exposição ao ar, absorvendo oxigênio, se tornando insolúvel.
Tais afirmações provocaram um debate extremamente vivo entre Vauquelin e Fourcroy de uma parte e Deschamp, farmacêutico de Lion de outra parte. A luz começou a se fazer sobre a natureza complexa do extrato.
Fourcroy, entrevê, após numerosos ensaios de laboratório, que o extrato de quina, chamado simples, dá, entretanto, por meio do álcool quente, cinco corpos diferentes.
Vauquelin aborda a questão e publica uma impoetante memória; Sobre o princípio extrativo dos vegetais.
O trabalho de Vauquelin é formidável e esgotou a questão no momento e suas conclusões foram excelentes e bem metodizadas.
Neste momento surgiu no campo de luta Permentier, com suas Considerações gerais sobre os vegetais, apareceu também Deyeux que analisou a seiva dos vegetais e se colocou ao lado de Vanquelin.
Parmentier, no curso desta discussão, pelas experiências feitas descobriu, em conjunto com Deyeux e Vauquelin, o que os vegetais dem seu suco contém: mucilagem, mucilagem ácida, açucarada; açúcar, resina , o extrativo, princípios corantes, um princípio odorante para cada planta, tanino, fécula, amilacea, glúten, enxofre, ácidos vegetais, estabelecendo Parmentier por fim as Regras Gerais para preparação do extrato, no seu Codex farmacêutico para uso dos hospitais.

Bibliografia: Revista Brasileira de Farmácia- setembro de 1941-Profº Heitor Luz

domingo, 16 de setembro de 2012

Os extratos nos séculos XVI e XVII

Extrato de Sucupira

Nicolaus Roéspositus, em 1528, em seu Dispensarium, dá um capítulo especial sobre os sucos dessecados preparados espremendo as plantas, retirando o suco dessecados preparando as plantas, retirando o suco e fazendo evaporar seja ao sol, seja sobre cinzas quentes.
Menciona os extratos de alcaçuz, absinto, centáurea, etc.. No entanto, o nome extrato não existia, e tais produtos erm denominadas sucos dessecados, (de succis siccis). A designação extrato só surgiu mais tarde.
Em 1530 já havia referência a tal nome: extrato, outros, entretanto chamavam extrações e outros ainda tinturas sólidas, e a própria tintura líquida era designada pelo nome de extrações, estabelecendo por esta forma motivo de difícil compreensão. Só em 1561 foi que a distinção se tornou patente. O “Guia do Boticário”  que apareceu no ano de 1561, já fazia referência distintas entre extratos e tinturas terminando assim a confusão.
A Farmcopéia de Valerius Cordus, aparecida em 1561 não falava em extratos, mais tarde o Colégio dos Médicos, de Nuremberg, publicou uma edição oficial na qual figuravam 4 extratos simples e cinco extratos compostos.
Em 1610, Jean de Vale, publicou em Gênova uma tradução de Grande Tesouro ou Dispensário e Artidotário de J.J. Wecher, de Bale, na qual figuravam fórmulas de numerosos extratos, muitos dos quais usados em nossos dias.
Somente em 1624, é que os extratos passaram a ter uma significação bem clara. E assim que Jean Béguin, nos seus Elementos de Química trata desta questão de um modo mais desenvolvido, do que os autores que acabamos de citar. Este autor em seu trabalho de nome “Os Extratos”, assim chamados especificamente são tirados dos animais e dos vegetais, por meio de dissolventes ou mênstruos apropriados, como são: O espírito de vinho, o leite, a genebra, o hidromel vinhoso, a água de maçãs e outros, ou melhor, as águas destiladas.
As partes dos animais escolhidas para fazer os extratos, são: os músculos, o fígado, os rins, os pulmões, os testículos e semelhantes.
Em 1626, na tradução do livro denominado “Obras farmacêuticas” de Jean de Renon, publicado por Luiz Serres (Lyon, 1626, in-folio, páginas 75 e 77), há referência ao preparo dos extratos.
1640-1643, todos os tratados aparecidos nesses anos trazem processos de preparo de extratos.
Em 1649 – em sua “Farmacopéia Médico-Química, impressa em Lyon, a página, 9 Jean Schveder define extrato assim: “O extrato  é a essência de uma substância separada da parte grosseira por meio de um líquido e levado a consistência conveniente.”

Bibliografia: Revista Brasileira de Farmácia – setembro de 1941- Farm. Lucio Muniz Barreto. 

domingo, 9 de setembro de 2012

A História do Extrato Fluído na Antiguidade

Extrato Fluído de Nogueira

A preparação dos extratos, vem de uma época muito longíqua, milhares de anos  já se passaram desde quando foi concebida a maneira de reduzir o vegetal a tais condições para o seu emprego, como medicamento.
Petitot, em sua tese sob a denominação “considerações sobre os extratos empregados, em farmácia” sustentada em 1875 perante a escola de Montpellier, na França diz que, quem primeiro deu oas medicamentos esta forma foi Chin-Neng, Imperador da China.
Chin-Neng na história da China foi o segundo dos nove soberanos que precederam ao estabelecimento da dinastia; contemporâneo de Menés, primeiro rei do Egito e morreu 2.600 anos antes de Cristo.
Chin-Neng aplicava-se ao estudo das plantas, e após ter escrito uma história que existe sob o nome de “Hervário de Chin Neng” fez ensaios e análise de composição dos extratos.
Esses extratos eram dados com precaução aos doentes e o Imperador fazia verificar seus efeitos e suas propriedades, e assim lhe foi possível compor uma matéria médica (Carta a C.L. Cadet – Boletim de farmácia, Paris 1813 – tomo 5º página 481)
Devido a ter sido Chin-Neg, o primeiro que fabricou a forma farmacêutica denominada extrato, Petitot, cita este Imperador como o mais antigo de todos os boticários, por ser o primeiro que a história faz menção.
No ano 65 da era cristã apareceu uma obra notável de Medicina e Botânica escrita por Dioscoride, dividida em 5 livros, e que foi durante 15 séculos a matéria médica, dos turcos, dos árabes e de outros povos.
Nesta obra há referências aos extratos, sobressaindo o de cicuta, obtida com o suco da planta e dessecada lentamente.
Dioscoride nasceu em Anagarbe, na Cecília, Itália, nos primeiros anos da era Cristã, foi contemporâneo de Plínio- o naturalista.
É de justiça salientar que os árabes, foram os primeiros farmacologistas que se ocuparam cuidadosamente e com bastante inteligência de preparação dos extratos.
No Tratado dos Simples, Ibri El Berthar, fala dos extratos dos frutos e Abd ex-Rezzaq bo seu Kchef ET Roumouz.
Tratado da matéria árabe fala dos extratos de tâmara e de uvas.

Bibliografia: Revista Brasileira de Farmácia setembro de 1941 – pág 505 e 506 Profº Heitor Luz

sábado, 1 de setembro de 2012

O Extrato Fluido na farmácia e na medicina


Extrato Fluído 

O Extrato Fluido é utilizado na farmácia para obter infusos e decocto, xarope, vinhos, elixires, pomadas, tinturas, para todas as preparações em suma em que tenha de entrar qualquer planta, pois todas podem fornecer o respectivo extrato fluído. 
Na opinião de alguns farmacólogos, o extrato fluido não se prestaria para o preparo de infusos e decocto e ainda menos tinturas.  Com a nossa larga experiência, afirmamos que, partindo de extrato fluído a 100%, convenientemente preparado, essas preparações resultam iguais como se fossem feitas com a própria planta nas melhores condições de conservação.
O extrato fluido representa, quanto à atividade e riqueza de princípio, a própria planta que lhe deu origem. Resultam aquelas preparações diferentes precisamente porque em muitos casos, são empregados extrato fluídos falsificados, ou com a quantidade de planta bastante reduzida.
Para preparação de tinturas, é necessário ter em conta o grau alcoólico que composta a mesma, não dispensando a maceração de 2 a 4 dias para que haja o tempo necessário para redissolver alguns princípios que precipitam pela mudança de veículo.
O alcance prático e econômico que representam os extratos fluídos para a moderna farmácia, que tem neles a sua maior base para todas as suas  variadas preparações.
Não menos importante, são os extratos fluídos para a clínica médica , pois constituem eles a maneira mais racional e cômoda do médico empregar, em seu receituário, as plantas medicinais, porque os princípios úteis destas encontram-se em uma condição ótima para poderem ser associados a todas as formas que habitualmente prescrevem.
Mesmo em natureza, o extrato fluído pode ser utilizado pelo médico clínico, sob a forma de gotas, em pequenas colheres, diluído em um pouco de água simples ou açucarada. Por isso os médicos no emprego direto do extrato fluído, na esperança de que um dia volte a ser o receituário médico individual, o que foi em tempos que não vão muito longe, e que tanto prestígio e importância conferiam ao médico clínico.
É de lastimar que tantas plantas, de ação curativa segura e proclamada por todos que as empregam, não tenham entre os legítimos facultativos a merecida aceitação e delas se utilizem quase que somente os curandeiros e curiosos da medicina. Poucos são os médicos que prescrevem as plantas em su receituário.

Bibliografia: Revista Brasileira de Farmácia – Março de 1942- Profº Virgilio Lucas