sábado, 11 de fevereiro de 2017

A história do cultivo da Noz de Kola na Bahia

O Brasil conhece a Noz de Kola desde os tempos coloniais quando os africanos trouxeram as primeiras sementes. Foram os escravos os principais divulgadores das virtudes desta planta no mercado popular.
Na última década do século XIX na Europa a planta se tornou moda e a propaganda de suas virtudes estimulante se tornou lançamento em vários mercados de preparados variados. Os botânicos não se cansavam de fazer monografias de sua espécie.  Na América do Sul começou a importação dos preparados de Kola. Na literatura brasileira esta planta não foi apontada como cultivada em nossas matas e pomares.
Noz de Kola
Em 1921 na Bahia entrava no serviço do estado, muito divulgado pelo Coronel Manoel Duarte Oliveira, naquele tempo secretário da Fazenda do Estado da Bahia, as nozes de obi e orobô.  Um velho escravo lhe aconselhou o uso constante das sementes. Para ele, esta era a razão da sua saúde e vitalidade. Por causa de suas boas virtudes o coronel resolveu importar da África as sementes da tal árvore.
Para saber se havia algumas árvores desta espécie no Brasil conversamos com o Dr Pirajá da Silva, medico naturalista na Bahia. O médico informou que havia vários pés nas praças públicas, nos quintais por todo estado e que no tempo da guerra entre 1914-1918 um fazendeiro comprou no leilão na alfandega, entre outras mercadorias não retiradas pelos destinatários, umas sementes que ninguém conhecia e que ele Pirajá suspeitava ser nozes de kola  e por isso recomendou plantar. Foram plantados vários pés em Camamú, as amêndoas usadas, não definiam exatamente a espécie da planta.
Em 1922 o Dr Gregorio Bondar, chefe do Departamento Técnico Agrícola do Instituto do Cacao da Bahia, e diretora geral da Estação Geral de Experimentação de Água Preta resolveu examinar os pés de Noz de Kola da capital baiana. Através de exames verificou-se que estas árvores eram realmente pertencente a família das Sterculiaceas, a espécie Sterculea faetida, sem valor algum econômico.
No mês de novembro daquele mesmo ano os experimentadores foram para o município da Camamú na fazenda de João José de Oliveira.
Segundo o senhor Oliveira as sementes foram importadas por ele em 1914, quando importou, de uma possessão inglesa na África, 500 nozes da planta, vulgarmente conhecidas pelos africanos como obi ou abajá.
Algumas das nozes tornaram-se árvores produtivas depois de cinco anos. Cerca de 30 kg no primeiro ano e foram presenteadas ao Instituto Pasteur da Bahia, que dela tirou extratos e fez exames de seus princípios ativos.
Tendo em vista o sucesso das sementes Oliveira vendeu 300 kg ao mesmo instituto em 1921 e resolveu com o dinheiro importar vinte mil nozes para que fossem cultivadas em sua fazenda.
Nos pés existentes na fazendo pode-se distinguir duas espécies de plantas.
A plantação tem 38 pés de kola; deles o maior tem 6 metros de altura, com o diâmetro do tronco de 12cm. O resto é raquítico, e atinge no máximo um metro e meio a dois metros. A formiga saúva é a grande inimiga do desenvolvimento desta planta na fazenda.
A noz de kola é apreciada pelos seus princípios estimulantes; cafeína e teobromina.
A planta requer terreno argiloso, rico em húmus para se desenvolver.

Bibliografia: Bondar, Gregorio – Revista da Flora Medicinal – 1937 pág de 123 a 145.

Nenhum comentário:

Postar um comentário